sábado, 12 de junho de 2010

Na vanguarda dos veículos eléctricos


Há dias tive o prazer de assistir a uma conferência sobre o Mobi.e, Programa de Mobilidade Eléctrica Português nas I Jornadas da Energia, o que me permitiu ter a noção do estado de desenvolvimento deste programa.
Pois bem, para quem nunca ouviu falar, este Programa prevê a instalação de uma rede nacional de carregamento de automóveis eléctricos. Está prevista a instalação de dois tipos de carregamentos, um mais lento e outro mais rápido. O carregamento mais lento permitirá carregar totalmente as baterias e demorará cerca de 8h, será o ideal para carregar à noite durante as horas de sono e também de dia, no caso de o carro estar sempre estacionado durante as horas laborais. O carregamento mais rápido permitirá carregar até cerca de 80% das baterias em cerca de 30min, o que será ideal para viagens mais longas, em que a autonomia das baterias não é suficiente. Prevê ainda a troca de baterias, podendo o utilizador trocar a bateria descarregada por uma totalmente carregada de forma simples e prática.
Inicialmente, este programa de mobilidade pretende instalar postos de carregamento nos locais mais propícios tais como parques de estacionamento, centros comerciais, bombas de gasolina, hotéis, aeroportos, ... , sendo que pretende ter instalado já este ano 320 postos de carregamento espalhados pelas capitais de distrito.
"De que forma se processa o abastecimento?
Através de um cartão pré-pago CHARG.E da rede Mobi.E que lhes dará acesso aos pontos
de abastecimento, sendo descontado o valor do carregamento. Este valor inclui a electricidade consumida e uma taxa pelo serviço de carregamento."
 De acrescentar ainda que foi ontem anunciado pela EDP (accionista da sociedade gestora do Mobi.e) que os carregamentos serão gratuitos pelo menos até ao final de 2011, como forma de estimular a adopção dos automóveis eléctricos e fidelizar clientes (óbvio).

Porque é que acho este Programa de Mobilidade tão bom?
  1. É uma óptima forma de finalmente apresentar às pessoas uma alternativa à utilização dos combustíveis fósseis, uma vez que os fabricantes de veículos eléctricos diziam que ainda não havia condições para o carregamento das baterias e as empresas  responsáveis pelas futuras redes de carregamento defendiam que ainda não existiam veículos eléctricos para a rede de carregamento;
  2. Vai permitir uma grande interacção com as energias renováveis. Em Portugal houve já situações em que a energia produzida pelo vento durante a noite era superior à consumida (mesmo já incluindo com a bombagem de água para montante das barragens), o que faz com que tivéssemos de tentar exportar a energia (a preços baixos pois em Espanha o consumo também é reduzido por ser noite). Assim, com a introdução dos automóveis eléctricos podemos continuar a aumentar a nossa quota de energias renováveis (que cria empregos, reduz emissões CO2, diminuição da importação de combustíveis fósseis,  etc..);
  3. Vai permitir as pessoas ganharem dinheiro com a venda de energia durante o dia. Ou seja, como todos sabem a energia durante a noite é mais barata que durante o dia, exactamente por haver menos consumo. Então, com a aquisição de um automóvel eléctrico, as pessoas poderão carregar totalmente os seus carros durante a noite, e depois descarrega-los durante o dia, vendendo essa energia à rede, por um preço mais caro. Este procedimento é exactamente igual ao de carregamento. Cabe a cada pessoa jogar com este factor de acordo com a utilização do seu automóvel eléctrico. O "menos bom" deste processo de venda de energia à rede é que possui um limite por cada PT (Posto de Transformação), tal com já acontece com a microgeração;
  4. Vai permitir estabilidade nos diagramas de carga de energia durante a noite e durante o dia, com o consumo de energia a ser mais constante durante o dia e a noite, o que permite melhorar a eficiência da rede eléctrica nacional;
  5. Ser um Programa pioneiro neste tipo de tecnologia, o que permitirá a internacionalização do conceito, com os consequentes benefícios para o nosso País.

 Resta-me agora apresentar alguns dos automóveis eléctricos que estarão para ser comercializados em breve. Os quatro modelos da Renault que serão comercializados a partir de 2011.


Estes são (da esquerda para a direita), o Fluence Z.E., um automóvel de cinco portas que estará pronto a entregar aos primeiros clientes ainda este ano, o Twizzy Z.E., um automóvel completamente virado para a mobilidade urbana, a Kangoo Z.E., a carrinha comercial que já todos comecemos assumirá agora uma versão eléctrica, ideal para as empresas e que será colocada no mercado em 2011 com uma autonomia de 160 Km e finalmemte o Zoe Z.E. que assume um carácter compacto, provavelmente destinado a quem faz o típico trajecto diário de fora da cidade para a cidade e vice-versa.
Agora apresento um vídeo da apresentação do Nissan Leaf em Lisboa, o primeiro carro eléctrico à venda em Portugal, que custará cerca de 35 000 €, o que com o desconto de 5 000 € que o governo Português atribui aos primeiros 5 mil compradores de carros totalmente eléctricos, ficará em cerca de 30 000 €.




Por fim, deixo ainda um link de um post no blog "BlogandoNotícias" que apresenta um conceito de carro do futuro criado por estudantes, que vale a pena ler.

Acho que será óptimo se conseguirmos associar o conceito de mobilidade a sustentabilidade, ecologia e não a poluição, combustíveis fósseis, etc.. como é actualmente.
Apresento ainda um link com Mapa dos Pontos de Carregamento que encontrei no site veículoseléctricospt e que poderá ser muito útil para os utilizadores de veículos eléctricos.
Para quem gosta de tudo o que está relacionado com tecnologia automóvel associada à ecologia, deixo a sugestão de um blog, o AutoBlogGreen, um blog com muita informação e sempre actualizado.
Por fim, sublinho ainda a importância da aposta de Portugal no veículo eléctrico nas fábricas para a construção das baterias de Lithium, pois Portugal é dos países com maior potencialidades na extracção de Lithium, nomeadamente nos distritos da Guarda e Castelo Branco, o que permitirá além da redução da pegada ecológica na construção das baterias, o desenvolvimento do interior do nosso país.

Fontes e links para mais informação:

1 comentário:

Anónimo disse...

Boas! Já escrevi sobre este tema no meu espaço de loucura...
Começou na msg 9... e depois fui publicando outras...
Basicamente pouco mudou sobre o que já escrevi em 2009! Bem a única mudança digna de registo é o preço...